São Martinho, Bispo de Tours
Cerca do ano de 325, nasce na Sabária, na Panónia (Hungria), Martinho que se alistou, aos quinze anos, na guarda imperial a cavalo, talvez por ser filho de um tribuno das milícias.
Nas nossas escolas, o dia de S. Martinho é sempre lembrado através das castanhas e do conhecidíssimo episódio de caridade fraterna. Este passou-se em Ambiano (Amiens), onde o Santo prestava serviço militar, em que ele um dia, numa cavalgada, cortou a capa com a espada, para agasalhar um pobrezinho, que encontrara à borda do caminho, num dia de tempestade, que se transformou no Verão de S. Martinho.
Ao fim de algum tempo, pelos vinte anos de idade, Martinho recebia o baptismo, e era admitido no número dos exorcistas por Santo Hilário, em Poitiers, deixando o exército, embora antecipadamente se tivesse apresentado ao imperador Juliano, dizendo:
- Servi-te cinco anos, agora deixa-me livre, porque quero mudar de soberano.
- E qual é o cobarde - retorquiu Juliano, - que se retira na véspera da batalha?
- Se a minha decisão é levada à conta de cobardia, amanhã estarei nas primeiras filas.
E Martinho bateu-se como um herói, vencendo a batalha.
Mais tarde em sonhos, fora avisado da morte próxima de seus pais, sendo obrigado a voltar à sua terra longínqua, onde teve a enorme alegria de converter a mãe.
No regresso à Gália, foi informado no caminho de que o bispo de Poitiers tinha sido exilado. Desgostoso, retirou-se então para a ilha Galinária, e lá viveu em solidão até ao dia em que soube que Santo Hilário tinha sido posto em liberdade.
Ao fim de algum tempo, já em Roma, dirigiu-se para Poitou onde, durante dez anos, levou vida de monge segundo a regra de S. Basílio. Assim nasceu Ligugé, o mais antigo mosteiro do Ocidente, que foi providencial viveiro de Santos.
Em 371, o povo de Tours, que necessitava de um bispo, levou Martinho à força para aquela cidade, onde esteve vinte e seis anos, durante os quais pregou o Evangelho não só em Touraine, mas também em Berry, Anjou, Beauce, Paris, Tréveros, Luxemburgo, Sennonais e até no longínquo Delfinado. Nas suas deslocações levava pouca bagagem, mas ia sempre seguido de vários monges. Algumas vezes ia de burro, mas geralmente ia a pé ou de barco. Orava, pregava, fazia muitos milagres e boas obras, convertia famílias e tribos inteiras, destruía templos e ídolos, construindo em seu lugar mosteiros e igrejas, ao mesmo tempo que organizava as suas conquistas e deixava monges ou padres por toda a parte para continuarem a sua obra.
Morreu em Candes, em 397. Nesta altura, quando os discípulos lhe pediram que não os deixasse, S. Martinho começou a chorar e disse:
“- Se Deus entender que posso ainda ser útil ao seu povo, não me recuso a trabalhar e a sofrer mais”.
Morreu com o rosto voltado para a janela, a fim de ver o céu, e tornou-se logo o santo mais popular do Ocidente.
Em França, há nada menos de quatro mil igrejas que lhe são dedicadas e mais de quinhentas aldeias com o seu nome.
No nosso Agrupamento de “Escolas em Movimento”, também temos uma povoação da freguesia do Landal, denominada Rostos, que tem como padroeiro S. Martinho. A escolha deste orago foi motivada por ter sido a 11 de Novembro, dia do Santo, que se realizou a primeira reunião para a construção daquele templo em sua honra.
É sempre tema de conversa na EB1 de Carreiros, por altura do dia de S. Martinho, não só a vida deste Santo, que foi um romano do século IV, como as biografias de S. Silvestre, padroeiro da freguesia de A dos Francos, Santa Helena, padroeira dos Casais do mesmo nome e que fazem parte do núcleo escolar de Carreiros, assim como, de S. Sebastião, de Vila Verde de Matos. Todos eles contemporâneos de S. Martinho, Bispo de Tours.
S. Silvestre que chegou a sofrer a perseguição de Diopcleciano, foi o primeiro bispo de Roma a usar o título de papa. Passava-se então um dos grandes momentos da história eclesiástica. Segundo a tradição, foi ele quem mais colaborou para o baptismo de Constantino, o grande Imperador que deu a liberdade à Igreja, pelo seu édito de Milão, encerrando a era das perseguições. Com a conversão de Constantino, este ia permitir à religião cristã suplantar o paganismo em todo o Império, condenando o arianismo e proclamando a divindade de Cristo. Inicialmente, conservou-se entre o número dos infiéis. Mas por influência de S. Silvestre, concedeu tambem o mesmo imperador aos cristãos a faculdade de levantar publicamente templos, onde se exercessem aqueles sublimes actos de culto que até então se realizavam nas Catacumbas. Constantino deu o exemplo, fazendo construir magníficas basílicas, tais como a de Latrão, a do Vaticano, em honra de S. Pedro e muitas outras. S. Silvestre publicou muitos decretos úteis e recomendava que um dos nossos primeiros deveres “c’est de regarder Dieu comme le principe et la fin de toutes nos actions, et d’avoir continuellement en vue sa gloire et l’accomplissement de sa volonté”, segundo o Monseigneur l’Archevêque de Tours, em 1867. O relacionamento frutuoso existente entre Constantino e S. Silvestre, originou que a Igreja se tornasse mais próspera. Por sua vez, Constantino, o primeiro imperador romano cristão, era filho de Santa Helena, de origem humilde, até que o filho, a mandou ir para Roma. Aí, é recebida pelo Papa Silvestre e manda construir a Basílica de Santa Cruz. Mais tarde, a padroeira dos nossos Casais vai em peregrinação até à Palestina, onde manda construir em Jerusalém, sobre o Santo Sepulcro o templo da Ressurreição e a Basílica da Natividade sobre a gruta de Belém. Santa Helena aproveitava-se da faculdade que tinha de sacar sobre o tesouro imperial, para construir igrejas e socorrer os pobres.
O padroeiro de Vila Verde de Matos, mesmo aqui ao pé, S. Sebastião, era da terra de S. Martinho, da Gália, embora também se diga que era de Milão. Também foi militar romano, na mesma época, ligeiramente mais cedo, e embora não tivesse gosto pronunciado pela carreira das armas, desejava ser útil aos cristãos perseguidos, sem levantar grandes suspeitas. Foi perseguido pelo Imperador Diocleciano, ainda que se mostrasse bom soldado e tivesse sido antes nomeado capitão da sua guarda pretoriana. S. Sebastião era amigo do marido de Santa Helena, Constâncio Cloro que subiu aos mais elevados graus da hierarquia militar, tendo sido convidado pelo Imperador a compartilhar o governo do Império. É um santo muito popular e costuma ser representado amarrado a um tronco de árvore, sofrendo o martírio das flechas.
O culto a S. Martinho tornou-se extraordinariamente popular, e nas nossas escolas, como já se afirmou, identifica-se o seu dia, essencialmente na realização dum magusto e na recordação do episódio passado com o mendigo, em Amiens, embora a tradição do magusto nem sequer seja do Oeste. Foi trazida das Beiras, pelos professores, nos finais da década de quarenta.
Na EB 1 de Carreiros, o dia deste Santo, dia 11 de Novembro e o Verão de S. Martinho, é essencialmente uma oportunidade para falar da importância do estudo da história local, relacionando a biografia de S. Martinho, com a de S. Silvestre, a de Santa Helena e a de S. Sebastião, uma vez que são oragos da freguesia de A dos Francos e foram contemporâneos e moradores no Império Romano.
Com o dia de S. Martinho, aproveita-se tambem para falar da numeração romana e da importância da romanização na Península Ibérica, porque esta atenuou muito as diferenças étnicas resultantes dos primitivos povoamentos e reduziu a denominadores comuns as culturas indígenas. Os Romanos conseguiram modificar completamente as bases da economia, o tipo do povoamento, as formas da organização social, as técnicas do trabalho, as crenças e hábitos das populações, e até a língua que se falava.
Certamente, no regresso das aulas, as nossas crianças irão entrar em casa, no próprio dia de S. Martinho, ao som das castanhas estaladiças acabadinhas de assar, assinalando o fim do Outono e adivinhando o frio do Inverno, porque há tradições que temos a obrigação de continuar a defender!
Texto: EB1 Carreiros / Ilustração: S. Martinho e o Pedinte, El Greco (1597/99)
Cerca do ano de 325, nasce na Sabária, na Panónia (Hungria), Martinho que se alistou, aos quinze anos, na guarda imperial a cavalo, talvez por ser filho de um tribuno das milícias.
Nas nossas escolas, o dia de S. Martinho é sempre lembrado através das castanhas e do conhecidíssimo episódio de caridade fraterna. Este passou-se em Ambiano (Amiens), onde o Santo prestava serviço militar, em que ele um dia, numa cavalgada, cortou a capa com a espada, para agasalhar um pobrezinho, que encontrara à borda do caminho, num dia de tempestade, que se transformou no Verão de S. Martinho.
Ao fim de algum tempo, pelos vinte anos de idade, Martinho recebia o baptismo, e era admitido no número dos exorcistas por Santo Hilário, em Poitiers, deixando o exército, embora antecipadamente se tivesse apresentado ao imperador Juliano, dizendo:
- Servi-te cinco anos, agora deixa-me livre, porque quero mudar de soberano.
- E qual é o cobarde - retorquiu Juliano, - que se retira na véspera da batalha?
- Se a minha decisão é levada à conta de cobardia, amanhã estarei nas primeiras filas.
E Martinho bateu-se como um herói, vencendo a batalha.
Mais tarde em sonhos, fora avisado da morte próxima de seus pais, sendo obrigado a voltar à sua terra longínqua, onde teve a enorme alegria de converter a mãe.
No regresso à Gália, foi informado no caminho de que o bispo de Poitiers tinha sido exilado. Desgostoso, retirou-se então para a ilha Galinária, e lá viveu em solidão até ao dia em que soube que Santo Hilário tinha sido posto em liberdade.
Ao fim de algum tempo, já em Roma, dirigiu-se para Poitou onde, durante dez anos, levou vida de monge segundo a regra de S. Basílio. Assim nasceu Ligugé, o mais antigo mosteiro do Ocidente, que foi providencial viveiro de Santos.
Em 371, o povo de Tours, que necessitava de um bispo, levou Martinho à força para aquela cidade, onde esteve vinte e seis anos, durante os quais pregou o Evangelho não só em Touraine, mas também em Berry, Anjou, Beauce, Paris, Tréveros, Luxemburgo, Sennonais e até no longínquo Delfinado. Nas suas deslocações levava pouca bagagem, mas ia sempre seguido de vários monges. Algumas vezes ia de burro, mas geralmente ia a pé ou de barco. Orava, pregava, fazia muitos milagres e boas obras, convertia famílias e tribos inteiras, destruía templos e ídolos, construindo em seu lugar mosteiros e igrejas, ao mesmo tempo que organizava as suas conquistas e deixava monges ou padres por toda a parte para continuarem a sua obra.
Morreu em Candes, em 397. Nesta altura, quando os discípulos lhe pediram que não os deixasse, S. Martinho começou a chorar e disse:
“- Se Deus entender que posso ainda ser útil ao seu povo, não me recuso a trabalhar e a sofrer mais”.
Morreu com o rosto voltado para a janela, a fim de ver o céu, e tornou-se logo o santo mais popular do Ocidente.
Em França, há nada menos de quatro mil igrejas que lhe são dedicadas e mais de quinhentas aldeias com o seu nome.
No nosso Agrupamento de “Escolas em Movimento”, também temos uma povoação da freguesia do Landal, denominada Rostos, que tem como padroeiro S. Martinho. A escolha deste orago foi motivada por ter sido a 11 de Novembro, dia do Santo, que se realizou a primeira reunião para a construção daquele templo em sua honra.
É sempre tema de conversa na EB1 de Carreiros, por altura do dia de S. Martinho, não só a vida deste Santo, que foi um romano do século IV, como as biografias de S. Silvestre, padroeiro da freguesia de A dos Francos, Santa Helena, padroeira dos Casais do mesmo nome e que fazem parte do núcleo escolar de Carreiros, assim como, de S. Sebastião, de Vila Verde de Matos. Todos eles contemporâneos de S. Martinho, Bispo de Tours.
S. Silvestre que chegou a sofrer a perseguição de Diopcleciano, foi o primeiro bispo de Roma a usar o título de papa. Passava-se então um dos grandes momentos da história eclesiástica. Segundo a tradição, foi ele quem mais colaborou para o baptismo de Constantino, o grande Imperador que deu a liberdade à Igreja, pelo seu édito de Milão, encerrando a era das perseguições. Com a conversão de Constantino, este ia permitir à religião cristã suplantar o paganismo em todo o Império, condenando o arianismo e proclamando a divindade de Cristo. Inicialmente, conservou-se entre o número dos infiéis. Mas por influência de S. Silvestre, concedeu tambem o mesmo imperador aos cristãos a faculdade de levantar publicamente templos, onde se exercessem aqueles sublimes actos de culto que até então se realizavam nas Catacumbas. Constantino deu o exemplo, fazendo construir magníficas basílicas, tais como a de Latrão, a do Vaticano, em honra de S. Pedro e muitas outras. S. Silvestre publicou muitos decretos úteis e recomendava que um dos nossos primeiros deveres “c’est de regarder Dieu comme le principe et la fin de toutes nos actions, et d’avoir continuellement en vue sa gloire et l’accomplissement de sa volonté”, segundo o Monseigneur l’Archevêque de Tours, em 1867. O relacionamento frutuoso existente entre Constantino e S. Silvestre, originou que a Igreja se tornasse mais próspera. Por sua vez, Constantino, o primeiro imperador romano cristão, era filho de Santa Helena, de origem humilde, até que o filho, a mandou ir para Roma. Aí, é recebida pelo Papa Silvestre e manda construir a Basílica de Santa Cruz. Mais tarde, a padroeira dos nossos Casais vai em peregrinação até à Palestina, onde manda construir em Jerusalém, sobre o Santo Sepulcro o templo da Ressurreição e a Basílica da Natividade sobre a gruta de Belém. Santa Helena aproveitava-se da faculdade que tinha de sacar sobre o tesouro imperial, para construir igrejas e socorrer os pobres.
O padroeiro de Vila Verde de Matos, mesmo aqui ao pé, S. Sebastião, era da terra de S. Martinho, da Gália, embora também se diga que era de Milão. Também foi militar romano, na mesma época, ligeiramente mais cedo, e embora não tivesse gosto pronunciado pela carreira das armas, desejava ser útil aos cristãos perseguidos, sem levantar grandes suspeitas. Foi perseguido pelo Imperador Diocleciano, ainda que se mostrasse bom soldado e tivesse sido antes nomeado capitão da sua guarda pretoriana. S. Sebastião era amigo do marido de Santa Helena, Constâncio Cloro que subiu aos mais elevados graus da hierarquia militar, tendo sido convidado pelo Imperador a compartilhar o governo do Império. É um santo muito popular e costuma ser representado amarrado a um tronco de árvore, sofrendo o martírio das flechas.
O culto a S. Martinho tornou-se extraordinariamente popular, e nas nossas escolas, como já se afirmou, identifica-se o seu dia, essencialmente na realização dum magusto e na recordação do episódio passado com o mendigo, em Amiens, embora a tradição do magusto nem sequer seja do Oeste. Foi trazida das Beiras, pelos professores, nos finais da década de quarenta.
Na EB 1 de Carreiros, o dia deste Santo, dia 11 de Novembro e o Verão de S. Martinho, é essencialmente uma oportunidade para falar da importância do estudo da história local, relacionando a biografia de S. Martinho, com a de S. Silvestre, a de Santa Helena e a de S. Sebastião, uma vez que são oragos da freguesia de A dos Francos e foram contemporâneos e moradores no Império Romano.
Com o dia de S. Martinho, aproveita-se tambem para falar da numeração romana e da importância da romanização na Península Ibérica, porque esta atenuou muito as diferenças étnicas resultantes dos primitivos povoamentos e reduziu a denominadores comuns as culturas indígenas. Os Romanos conseguiram modificar completamente as bases da economia, o tipo do povoamento, as formas da organização social, as técnicas do trabalho, as crenças e hábitos das populações, e até a língua que se falava.
Certamente, no regresso das aulas, as nossas crianças irão entrar em casa, no próprio dia de S. Martinho, ao som das castanhas estaladiças acabadinhas de assar, assinalando o fim do Outono e adivinhando o frio do Inverno, porque há tradições que temos a obrigação de continuar a defender!
4 comentários:
Que pesquisa interessante. Esta história do S. Martinho é bastante completa e permite-nos consultar os países relacionados com a história.
Bom Trabalho
Gostámos da história. O nosso dia de s.Martinho foi nos Rostos e fizemos uma peça de teatro da lenda de s. martinho.
A peça de teatro correu-nos muito muito bem. BEIJINHOS MUITO MUITO FOFOS
Gostámos da história. O nosso dia de s.Martinho foi nos Rostos e fizemos uma peça de teatro da lenda de s. martinho.
A peça de teatro correu-nos muito muito bem. BEIJINHOS MUITO MUITO FOFOS
Olá amigos,
obrigado pelos vossos comentários.
Não se esqueçam que podem deixar a vossa identificação nos comentários, bastando para isso que coloquem um visto em OTHER. Depois é só escrever o nome. Fiquem bem.
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