quinta-feira, novembro 30, 2006
Natal da Biblioteca
"Uma Palavra Chamada Natal" - Segunda feira, 4 de Dezembro, 10.00 - BE Mosteiros
Os Nomes
Porque é que me chamo coelho
e não não chamo melão ?
Porque é que me chamo lagartixa
e não me chamo cão ?
Porque é que me chamo uva
e não me chamo chuva ?
Porque é que me chamo Maria do Céu
e não me chamo chapéu ?
Porque é que me chamo pedra
e não me chamo perna?
Porque é que me chamo cebola
e não me chamo papoila ?
Porque é que me chamo casa
e não me chamo asa ?
Porque é que me chamo Sol
e não me chamo Lua ?
Porque é que me chamo Lua
e não me chamo caracol ?
Cada coisa tem seu nome
para assim ser conhecida.
Mas se tivesse outro nome
em vez daquele que tem,
lá voltaria outra vez ...
a pergunta repetida:
"Porque é que me chamo assim?"
Maria Alberta Menéres - Conversas com Versos/Edições Asa
e não não chamo melão ?
Porque é que me chamo lagartixa
e não me chamo cão ?
Porque é que me chamo uva
e não me chamo chuva ?
Porque é que me chamo Maria do Céu
e não me chamo chapéu ?
Porque é que me chamo pedra
e não me chamo perna?
Porque é que me chamo cebola
e não me chamo papoila ?
Porque é que me chamo casa
e não me chamo asa ?
Porque é que me chamo Sol
e não me chamo Lua ?
Porque é que me chamo Lua
e não me chamo caracol ?
Cada coisa tem seu nome
para assim ser conhecida.
Mas se tivesse outro nome
em vez daquele que tem,
lá voltaria outra vez ...
a pergunta repetida:
"Porque é que me chamo assim?"
Maria Alberta Menéres - Conversas com Versos/Edições Asa
Leituras Recomendadas #2
"(...)Agora talvez orassem, talvez escutassem uma canção distante, porque ao rumor da noite, a um piar de ave nos vagos arvoredos do outeiro, a um tilintar do chocalho nos currais, veio impôr-se o cansaço, com o cansaço o sono, que o regaço da mãe tornou mais fundo, e leve, suave como o cheiro generoso da resina. (...)" De Vergílio A. Vieira, com ilustrações de Anabela Cotrim. Para crianças. Para adultos. Para esquecer as compras de Natal. Para lembrar o Natal.
quarta-feira, novembro 29, 2006
Leituras Recomendadas #1
Uma história onde um Pai Natal preguiçoso deixa todo o trabalho para a sua fiel rena Rodolfa. Enquanto este dormita, é a rena Rodolfa que tem tratar de todas as encomendas da firma "Pai Natal e C.ia Ilimitada. "(...) Nem quatro dias para o Natal! Três e meio. E o Pai Natal, em vez de ler as cartas e apartar os presentes, põem-se a ver televisão e a jogar jogos no computador e a dormir sonecas. Há tempo diz ele. (...)" Humor descomplexado numa história de Ana Saldanha, com ilustrações de Alain Corbel.
segunda-feira, novembro 27, 2006
História Antiga
Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.
E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da nação.
Mas, por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.
Miguel Torga - História Antiga
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.
E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da nação.
Mas, por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.
Miguel Torga - História Antiga
Curiosidades do Natal #1 Como apareceu o Presépio
Há muito tempo, em Groccio, na Itália, um senhor chamado São Francisco de Assis estava com um problema: não conseguia explicar aos camponeses como havia sido a noite do nascimento de Jesus. Então, depois de muito pensar, teve uma ideia genial: pegou um pouco de argila, e com muita paciência moldou vários bonequinhos de barro.
Primeiro, fez um bebé. Em seguida, o pai e a mãe do bebé. Mais argila e foram saindo três reis montados em camelos, pastores, um boi, um burrinho e por fim um bela estrela! Depois, foi só juntar tudo e pronto: São Francisco tinha montado, no ano de 1223, o primeiro presépio do mundo!
Quando os camponeses viram o presépio, ficaram muito curiosos: quem eram aqueles três reis montados em camelos? Aqueles pastores, o que faziam ali? E porque Jesus, o rei dos reis, havia nascido numa gruta? E foi então que São Francisco lhes explicou, tim-tim por tim-tim, o que cada uma daquelas imagens representava.
Primeiro, fez um bebé. Em seguida, o pai e a mãe do bebé. Mais argila e foram saindo três reis montados em camelos, pastores, um boi, um burrinho e por fim um bela estrela! Depois, foi só juntar tudo e pronto: São Francisco tinha montado, no ano de 1223, o primeiro presépio do mundo!
Quando os camponeses viram o presépio, ficaram muito curiosos: quem eram aqueles três reis montados em camelos? Aqueles pastores, o que faziam ali? E porque Jesus, o rei dos reis, havia nascido numa gruta? E foi então que São Francisco lhes explicou, tim-tim por tim-tim, o que cada uma daquelas imagens representava.
Natal, Natal, Natal
Olá amigos, já há Natal por todo o lado. Também aqui no nosso blog vamos colocar muitas coisas sobre esse período de que todos gostam. Actividades para realizares, endereços para pesquisares e aprenderes coisas, desenhos teus e dos teus colegas, histórias e poesia. Tudo para que saibas que o Natal não é só a certeza de receber aquele presente que tu tanto queres.
sexta-feira, novembro 24, 2006
Macaco de Rabo Cortado - Historia #0
Era uma vez um macaco mariola, que andava de bata e sacola, como se fosse para a escola. Mas não ia. Era tudo a fingir.
Os rapazes, quando o viam passar, troçavam dele e gritavam:
- Macaco escondido com o rabo de fora... Macaco escondido com o rabo de fora...
Pois era. Realmente o rabo sobrava de bata e, muito comprido e retorcido, corria atrás do macaco para onde quer que e fosse.
Então o macaco entrou numa barbearia e pediu ao barbeiro que lhe cortasse o rabo. O barbeiro afio a navalha e zut! – rabo para um lado, macaco para o outro.
A operação deve ter doído, mas o macaco, que tinha tanto de vaidoso como de corajoso, não se importou. E de sacola e bata, muito empertigado, veio para a rua mostrar-se nos seus novos preparados.
Estavam uns homens à conversa, numa esquina. Quando o viram passar, um deles comentou:
- Macaco sem rabo é como um burro sem orelhas. Fica mais feio e fica mais minguado. Coitado!
O macaco ouviu-o, sentiu-se e correu ao barbeiro para lhe desenvolvesse o rabo. Talvez ainda pudesse ser cosido ou colado...
- Olha o macaco toleirão à procura do rabo. Que queria que eu lhe fizesse? Deitei-o fora e a camioneta do lixo levou-o – disse-lhe o barbeiro.
Aí o macaco zangou-se. E quando uma pessoa ou um macaco se zanga e perde a cabeça, faz disparates. Sem mais nem menos, agarrou numa das navalhas do barbeiro e disse:
- Nesse caso, levo-lhe a navalha com que me cortou o rabo.
E abalou.
Ia ele por uma rua, quando passou perto de uma peixeira.
- Que linda navalha traz o menino na mão- disse a peixeira.- O meu carinha de anjo não me quer dar a navalhita, para eu amanhar o meu peixe?
O macaco ficou todo derretido com as falas da peixeira e, já se vê, deu-lhe a navalha.
De mãos a abanar é que sabe bem passear...
Mas, passado tempo, veio-lhe a vontade de chamar outra vez sua á navalha e voltou atrás, à procura da peixeira.
- Olha o macaco paspalhão a perguntar pela navalha... Fique sabendo que não prestava para nada. Mal lhe peguei, para amanhar umas sardinhas, partiu-se – disse-lhe a peixeira.
Aí o macaco zangou-se. Zangou-se e fez outro disparate. Pegou numa canastra de sardinhas e abalou, dizendo:
- Nesse caso, levo-lhe as sardinhas com que me estragou a navalha.
Estava um padeiro à porta da padaria, quando o macaco passou com a canastra de sardinhas à cabeça.
- Psst, ó cavalheiro – chamou o homem, encostado á porta da padaria. – Um senhor tão distinto com sardinhas à cabeça não parece bem. Deixe-as cá ficar comigo, que tenho onde as guardá-las.
O macaco ficou sensibilizado com estas falas do padeiro, e, já se vê, deu-lhe as sardinhas.
Pois é. De mãos a abanar é que sabe bem passear...
Mas, passado um tempo, veio-lhe a vontade de chamar outra vez suas às sardinhas e voltou atrás, à procura do padeiro.
- Olha o macaco trapalhão a perguntar pelas sardinhas... Comias em cima do pão e estavam bem gostosas, fique sabendo- disse-lhe o padeiro.
Aí o macaco zangou-se. Zangou-se e fez outro disparate. Pegou num saco de farinha e atirou-o para os ombros, dizendo:
- Nesse caso, levo-lhe um saco de farinha com que fabrica o pão para comer as sardinhas.
E fugiu.
Estava uma senhora professora à janela da escola, a ver quem passava, enquanto as alunas brincavam no recreio. Passou o macaco com o saco às costas.
- Como ele vai carregado, o pobrezinho – disse a professora.
O macaco ficou comovido com estas falas da professora e, já se vê, deu-lhe o saco de farinha.
Pois é. De mãos a abanar é que sabe bem passear...
Mas, passado tempo, veio-lhe a vontade de chamar outra vez seu ao saco de farinha e voltou atrás, à procura da professora.
- Olha o malcriadão do macaco a exigir o que ainda há bocado nos deu, sem que ninguém lhe pedisse. Da farinha amassámos bolos e as minhas meninas comeram-nos todos – disse a senhora professora.
Aí o macaco zangou-se. Zangou-se e fez outro disparate. Agarrou numa menina e fugiu com ela, dizendo:
- Nesse caso, levo-lhe uma menina que comeu os bolos da minha farinha.
Mas a menina, ao colo do macaco, não parava de chorar.
- Quero a minha mãe. Quero a minha mãe, dizia a menina.
O macaco condoeu-se e, já se vê, levou-a a casa da mãe, que lhe agradeceu muito o encargo. Até a menina, depois de se assoar e limpar os olhos, lhe fez uma festinha de amizade.
Pois é. De mãos a abanar é que sabe bem passear...
Mas, passado tempo, começou a sentir saudades da menina e voltou atrás, a saber dela.
- Querem lá ver o maganão do macaco que não pára de rondar-me a casa- disse-lhe a mãe da menina. – A minha filha está a ajudar-me a lavar a roupa, que eu estou a estender, e se ainda quer saber mais vou chamar o meu marido, que anda na horta, e já lhe trata da saúde.
Aí o macaco zangou-se. Zangou-se e fez outro disparate. Agarrou numa camisa que estava estendida e abalou com ela, dizendo:
- Nesse caso, levo-lhe uma camisa fina lavada pela menina.
Estava um velho violeiro a trabalhar à porta da oficina, quando o macaco por ele passou, a correr.
- Senhor camiseiro, ò senhor camiseiro, deixe-me ver a sua mercadoria – disse-lhe o violeiro.
O macaco passou e aproximou-se do velhote, que vestia uma camisa muito estafada e cosipada.
- Parece de bom pano – disse o violeiro. – Só tenho pena que a minha bolsa não chegue a semelhante luxo. Afinal uma vida de trabalho não dá direito a camisa fina.
O macaco ficou impressionado com as falas do velhote e, já se vê, deu-lhe a camisa.
Pois é. De mãos a abanar é que sabe bem passear...
Mas, passado tempo, e como de costume, arrependeu-se e voltou atrás, á procura do violeiro.
- Olha o aldrabão do macaco que não me deixa em paz. A camisa não valia nem o trabalho de vesti-la. Era tão fina, que se rasgou toda, quando a pus. E se continua aí especado ainda lhe atiro com esta viola à cabeça – gritou-lhe o violeiro.
O macaco, isto ouvindo, arrancou a viola das mãos do velho e disse:
- Nesse caso, antes que a estrague na minha cabeça, levo-a eu inteira, que melhor me serve inteira do que partida.
E fugiu com a viola ao ombro.
- Agarra que é ladrão! – gritou o violeiro, correndo atrás dele.
O macaco trepou a uma árvore, saltou para uma varanda, subiu a um telhado e lá de cima espreitou cá para baixo.
Estava um grande ajuntamento na rua. Era o violeiro, o pai e a mãe da menina, a professora, o padeiro, a peixeira, o barbeiro e muita rapaziada. Todos apontavam para ele, cantando e troçando:
- Olha o macaco mariola
que de rabo fez navalha
da navalha fez sardinha
da sardinha fez farinha
da farinha fez menina
da menina fez camisa
da camisa fez viola
e agora deu à sola
e agora deu á sola.
O macaco no telhado repimpado pegou na viola e respondeu-lhes:
- Pois se agora dei á sola
Pois se agora vos fugi
É que a mim nimguém me enrola
E de mim ninguém se ri.
Timglintim, tinglintim.
Timglintim, timglintim.
Cá em baixo, continuava a surriada. Riam-se e cantavam para ele:
- Olha o macaco mariola,
estarola e gabarola
com pancada na cachola,
dá e tira, mata e esfola,
ora parte, ora cola,
ora mete para a sacola...
Dá a esmola, tira a esmola,
mariola, mariola
quem te meta na gaiola,
quem te meta na gaiola.
Mas o macaco no telhado respondia ao desafio:
- Não me metem na gaiola
que de mim ninguém se ri.
A tocar nesta viola,
tinglintim, tinglintim,
a dançar com castanholas
vou daqui para Madrid.
Sou macaco mariola
e rei do charivari,
porque a mim ninguém me enrola
e a tocar nesta viola
tinglintim, tinglintim
não tenham pena de mim.
Tinglintim, tinglintim
não tenham pena de mim,
tinglintim, tinglintim
não tenham pena de mim...
Foi-se embora o macaco...
Os rapazes, quando o viam passar, troçavam dele e gritavam:
- Macaco escondido com o rabo de fora... Macaco escondido com o rabo de fora...
Pois era. Realmente o rabo sobrava de bata e, muito comprido e retorcido, corria atrás do macaco para onde quer que e fosse.
Então o macaco entrou numa barbearia e pediu ao barbeiro que lhe cortasse o rabo. O barbeiro afio a navalha e zut! – rabo para um lado, macaco para o outro.
A operação deve ter doído, mas o macaco, que tinha tanto de vaidoso como de corajoso, não se importou. E de sacola e bata, muito empertigado, veio para a rua mostrar-se nos seus novos preparados.
Estavam uns homens à conversa, numa esquina. Quando o viram passar, um deles comentou:
- Macaco sem rabo é como um burro sem orelhas. Fica mais feio e fica mais minguado. Coitado!
O macaco ouviu-o, sentiu-se e correu ao barbeiro para lhe desenvolvesse o rabo. Talvez ainda pudesse ser cosido ou colado...
- Olha o macaco toleirão à procura do rabo. Que queria que eu lhe fizesse? Deitei-o fora e a camioneta do lixo levou-o – disse-lhe o barbeiro.
Aí o macaco zangou-se. E quando uma pessoa ou um macaco se zanga e perde a cabeça, faz disparates. Sem mais nem menos, agarrou numa das navalhas do barbeiro e disse:
- Nesse caso, levo-lhe a navalha com que me cortou o rabo.
E abalou.
Ia ele por uma rua, quando passou perto de uma peixeira.
- Que linda navalha traz o menino na mão- disse a peixeira.- O meu carinha de anjo não me quer dar a navalhita, para eu amanhar o meu peixe?
O macaco ficou todo derretido com as falas da peixeira e, já se vê, deu-lhe a navalha.
De mãos a abanar é que sabe bem passear...
Mas, passado tempo, veio-lhe a vontade de chamar outra vez sua á navalha e voltou atrás, à procura da peixeira.
- Olha o macaco paspalhão a perguntar pela navalha... Fique sabendo que não prestava para nada. Mal lhe peguei, para amanhar umas sardinhas, partiu-se – disse-lhe a peixeira.
Aí o macaco zangou-se. Zangou-se e fez outro disparate. Pegou numa canastra de sardinhas e abalou, dizendo:
- Nesse caso, levo-lhe as sardinhas com que me estragou a navalha.
Estava um padeiro à porta da padaria, quando o macaco passou com a canastra de sardinhas à cabeça.
- Psst, ó cavalheiro – chamou o homem, encostado á porta da padaria. – Um senhor tão distinto com sardinhas à cabeça não parece bem. Deixe-as cá ficar comigo, que tenho onde as guardá-las.
O macaco ficou sensibilizado com estas falas do padeiro, e, já se vê, deu-lhe as sardinhas.
Pois é. De mãos a abanar é que sabe bem passear...
Mas, passado um tempo, veio-lhe a vontade de chamar outra vez suas às sardinhas e voltou atrás, à procura do padeiro.
- Olha o macaco trapalhão a perguntar pelas sardinhas... Comias em cima do pão e estavam bem gostosas, fique sabendo- disse-lhe o padeiro.
Aí o macaco zangou-se. Zangou-se e fez outro disparate. Pegou num saco de farinha e atirou-o para os ombros, dizendo:
- Nesse caso, levo-lhe um saco de farinha com que fabrica o pão para comer as sardinhas.
E fugiu.
Estava uma senhora professora à janela da escola, a ver quem passava, enquanto as alunas brincavam no recreio. Passou o macaco com o saco às costas.
- Como ele vai carregado, o pobrezinho – disse a professora.
O macaco ficou comovido com estas falas da professora e, já se vê, deu-lhe o saco de farinha.
Pois é. De mãos a abanar é que sabe bem passear...
Mas, passado tempo, veio-lhe a vontade de chamar outra vez seu ao saco de farinha e voltou atrás, à procura da professora.
- Olha o malcriadão do macaco a exigir o que ainda há bocado nos deu, sem que ninguém lhe pedisse. Da farinha amassámos bolos e as minhas meninas comeram-nos todos – disse a senhora professora.
Aí o macaco zangou-se. Zangou-se e fez outro disparate. Agarrou numa menina e fugiu com ela, dizendo:
- Nesse caso, levo-lhe uma menina que comeu os bolos da minha farinha.
Mas a menina, ao colo do macaco, não parava de chorar.
- Quero a minha mãe. Quero a minha mãe, dizia a menina.
O macaco condoeu-se e, já se vê, levou-a a casa da mãe, que lhe agradeceu muito o encargo. Até a menina, depois de se assoar e limpar os olhos, lhe fez uma festinha de amizade.
Pois é. De mãos a abanar é que sabe bem passear...
Mas, passado tempo, começou a sentir saudades da menina e voltou atrás, a saber dela.
- Querem lá ver o maganão do macaco que não pára de rondar-me a casa- disse-lhe a mãe da menina. – A minha filha está a ajudar-me a lavar a roupa, que eu estou a estender, e se ainda quer saber mais vou chamar o meu marido, que anda na horta, e já lhe trata da saúde.
Aí o macaco zangou-se. Zangou-se e fez outro disparate. Agarrou numa camisa que estava estendida e abalou com ela, dizendo:
- Nesse caso, levo-lhe uma camisa fina lavada pela menina.
Estava um velho violeiro a trabalhar à porta da oficina, quando o macaco por ele passou, a correr.
- Senhor camiseiro, ò senhor camiseiro, deixe-me ver a sua mercadoria – disse-lhe o violeiro.
O macaco passou e aproximou-se do velhote, que vestia uma camisa muito estafada e cosipada.
- Parece de bom pano – disse o violeiro. – Só tenho pena que a minha bolsa não chegue a semelhante luxo. Afinal uma vida de trabalho não dá direito a camisa fina.
O macaco ficou impressionado com as falas do velhote e, já se vê, deu-lhe a camisa.
Pois é. De mãos a abanar é que sabe bem passear...
Mas, passado tempo, e como de costume, arrependeu-se e voltou atrás, á procura do violeiro.
- Olha o aldrabão do macaco que não me deixa em paz. A camisa não valia nem o trabalho de vesti-la. Era tão fina, que se rasgou toda, quando a pus. E se continua aí especado ainda lhe atiro com esta viola à cabeça – gritou-lhe o violeiro.
O macaco, isto ouvindo, arrancou a viola das mãos do velho e disse:
- Nesse caso, antes que a estrague na minha cabeça, levo-a eu inteira, que melhor me serve inteira do que partida.
E fugiu com a viola ao ombro.
- Agarra que é ladrão! – gritou o violeiro, correndo atrás dele.
O macaco trepou a uma árvore, saltou para uma varanda, subiu a um telhado e lá de cima espreitou cá para baixo.
Estava um grande ajuntamento na rua. Era o violeiro, o pai e a mãe da menina, a professora, o padeiro, a peixeira, o barbeiro e muita rapaziada. Todos apontavam para ele, cantando e troçando:
- Olha o macaco mariola
que de rabo fez navalha
da navalha fez sardinha
da sardinha fez farinha
da farinha fez menina
da menina fez camisa
da camisa fez viola
e agora deu à sola
e agora deu á sola.
O macaco no telhado repimpado pegou na viola e respondeu-lhes:
- Pois se agora dei á sola
Pois se agora vos fugi
É que a mim nimguém me enrola
E de mim ninguém se ri.
Timglintim, tinglintim.
Timglintim, timglintim.
Cá em baixo, continuava a surriada. Riam-se e cantavam para ele:
- Olha o macaco mariola,
estarola e gabarola
com pancada na cachola,
dá e tira, mata e esfola,
ora parte, ora cola,
ora mete para a sacola...
Dá a esmola, tira a esmola,
mariola, mariola
quem te meta na gaiola,
quem te meta na gaiola.
Mas o macaco no telhado respondia ao desafio:
- Não me metem na gaiola
que de mim ninguém se ri.
A tocar nesta viola,
tinglintim, tinglintim,
a dançar com castanholas
vou daqui para Madrid.
Sou macaco mariola
e rei do charivari,
porque a mim ninguém me enrola
e a tocar nesta viola
tinglintim, tinglintim
não tenham pena de mim.
Tinglintim, tinglintim
não tenham pena de mim,
tinglintim, tinglintim
não tenham pena de mim...
Foi-se embora o macaco...
Conto retirado de Histórias Portuguesas Contadas de Novo / Autor:António Torrado / Ilustrador: Maria João Lopes / Editora Civilização
quinta-feira, novembro 23, 2006
Comentários
Estamos muito contentes pelos vossos comentários. Agora o Nariz de Palavras sabe que há alguém do outro lado.
Macaco de Rabo Cortado #7
Estamos quase a acabar a nossa volta pelas EB1`s e JI`s com a história deste macaco mariola com pancada na cachola. Temos ainda alguns trabalhos vossos para colocar aqui no blog acerca da história e vamos fazê-lo logo que tenhamos oportunidade. Mantenham-se atentos.
quinta-feira, novembro 16, 2006
quarta-feira, novembro 15, 2006
O Cacho de Uvas
Esta história foi-nos oferecida pelos meninos do JI de Santa Susana faz já algum tempo. Hoje foi o dia escolhido para a divulgarmos no nosso blog.
Era uma vez um cacho de uvas que foi tocar piano em casa dele. O cacho de uvas vivia numa vinha em Santa Susana. Ela vivia com as outras uvas e eram muito amigas. Brincavam, dormiam, comiam, viam livros e jogavam com os jogos.
Eram muito felizes !
Vitória, vitória acabou-se a história.
JI de Santa Susana
Eram muito felizes !
Vitória, vitória acabou-se a história.
JI de Santa Susana
O Rodinhas e o Macaco Rubi
Aquando da nossa visita ao JI de Rabaceira para contar o "Macaco de Rabo Cortado" ofereceram-nos a história de "O Rodinhas e o Macaco Rubi".
- O Rodinhas andava na estrada e apareceu um macaco escondido atrás de uma árvore. O Rodinhas viu-o / Ruben
- e perguntou-lhe se ele queria ser amigo dele. O macaco respondeu que sim. / Joâo
- Foram brincar juntos à volta das árvores. Já cansados foram para casa do macaco que era numa árvore. Mas o macaco percebeu que o Rodinhas não podia viver numa árvore / Sofia
- porque tinha patins e caía muitas vezes. Então resolveram ir os dois para casa do Rodinhas que era na biblioteca. / Patricia
-Na Biblioteca havia muitos livros, eles viram muitos livros sobre animais. / Catarina
- Descobriram num livro um elefante muito querido, mas que vivia numa casa de madeira. / Beatriz
- Depois descobriram um gato numa casa de pedra e o macaco pensou, pensou, e disse ao Rodinhas que ia para a sua árvore porque não queria dormir na biblioteca. / André
- Mas ficaram muito amigos e encontravam-se todos os dias para brincar, na árvore ou na biblioteca. / Henrique
JI de Rabaceira, 6 de Novembro 2006
- e perguntou-lhe se ele queria ser amigo dele. O macaco respondeu que sim. / Joâo
- Foram brincar juntos à volta das árvores. Já cansados foram para casa do macaco que era numa árvore. Mas o macaco percebeu que o Rodinhas não podia viver numa árvore / Sofia
- porque tinha patins e caía muitas vezes. Então resolveram ir os dois para casa do Rodinhas que era na biblioteca. / Patricia
-Na Biblioteca havia muitos livros, eles viram muitos livros sobre animais. / Catarina
- Descobriram num livro um elefante muito querido, mas que vivia numa casa de madeira. / Beatriz
- Depois descobriram um gato numa casa de pedra e o macaco pensou, pensou, e disse ao Rodinhas que ia para a sua árvore porque não queria dormir na biblioteca. / André
- Mas ficaram muito amigos e encontravam-se todos os dias para brincar, na árvore ou na biblioteca. / Henrique
JI de Rabaceira, 6 de Novembro 2006
terça-feira, novembro 14, 2006
Jornalito do Lince nº 2
ADIVINHAS:
1- Qual é a coisa qual é ela quando chega a casa não tem dentes?
2- Uma casa tem quatro cantos. E em cada canto está um gato. Cada gato vê três gatos. Quantos gatos tem a casa?
3 – Qual é a coisa qual é ela, cai no chão fica amarela?
4 – Qual é a coisa qual é ela, que enche a casa até à telha?
5- Qual é a coisa qual é ela, que tem dentes mas não come?
6- Qual é a coisa qual é ela, que tem uma coroa e é vermelha?
Soluções: 1- o bebé; 2- 4 gatos; 3- o ovo; 4- a luz; 5- o garfo; 6- a romã
EXPERIÊNCIA:
Pega numa moeda. Põe uma folha de papel por cima. Com um lápis de cor ou de carvão passa por cima até a moeda ficar marcada na folha.
RECEITA:
Bolinhos de Chocolate 200 g bolachas Maria 1 ovo inteiro50 g de chocolate ou cacau em pó125 g manteiga160 g açúcar Estende-se um pano. PõeM-se as bolachas em cima e tapam-se com o mesmo pano ou outro. Passa-se com o rolo-da-massa por cima para esmagá-las. Derrete-se a manteiga e mistura-se com as bolachas, o chocolate, o açúcar e por fim com o ovo. Faz bolinhas e põe nas forminhas de de papel ou então usa a tua imaginação.
DESCOBRE A PALAVRA:
1. _l_ ___ ___ ___ _n_ ___ _d_ ___. (bebida)
2. _b_ ___ _n_ ___ ___ ___. (fruta)
3._l_ ___ ___ ___ _n_ ___ ___ ___ ___ ___ . (árvore de fruto)
4. ___ ___ _s_ ___ . (flor)
5. _M_ ___ _r_ ___ ___ _n_ ___. (nome)
Soluções: 1- limonada; 2- banana; 3- laranjeira; 4- rosa; 5- Mariana
EM OUTUBRO ACONTECEU:
- Ouvimos a história do “Macaco de Rabo Cortado”.
- Fizemos marcadores no Dia Internacional da Biblioteca Escolar.
- Veio o fotógrafo à escola.
- Festejámos com os alunos do JI o dia da Alimentação.
- Recebemos os colegas da EB1 das Bairradas e fizemos com eles e com os alunos do JI broas para o Dia de Todos os Santos.
ANEDOTAS:
1. Certa criada gaba-se de já ter estado a servir em Espanha, em França e em Inglaterra. Uma companheira pergunta-lhe: - E são diferentes dos nossos, os pratos estrangeiros? - Nadinha! Quebram-se como os nossos . . .
2. O patrão ao criado: - Porque voltas com o balde vazio? A vaca hoje não deu nada? - Deu, sim senhor. Oito litros e um coice.
O Jornalito do Lince é realizado pela EB1 de Santa Susana
Dia Diferente
Na passada sexta-feira, 11 de Novembro, comemorou-se o Dia Diferente. O Rodinhas acompanhou algumas das actividades e deixa as fotografias.
Para recordar um dia bem divertido.
Para recordar um dia bem divertido.
sexta-feira, novembro 10, 2006
Colaborações
A EB1 de Carreiros passou a ser o nosso parceiro para os assuntos relacionados com História.
Em baixo, o seu primeiro texto com a temática do São Martinho.
Em baixo, o seu primeiro texto com a temática do São Martinho.
São Martinho
São Martinho, Bispo de Tours
Cerca do ano de 325, nasce na Sabária, na Panónia (Hungria), Martinho que se alistou, aos quinze anos, na guarda imperial a cavalo, talvez por ser filho de um tribuno das milícias.
Nas nossas escolas, o dia de S. Martinho é sempre lembrado através das castanhas e do conhecidíssimo episódio de caridade fraterna. Este passou-se em Ambiano (Amiens), onde o Santo prestava serviço militar, em que ele um dia, numa cavalgada, cortou a capa com a espada, para agasalhar um pobrezinho, que encontrara à borda do caminho, num dia de tempestade, que se transformou no Verão de S. Martinho.
Ao fim de algum tempo, pelos vinte anos de idade, Martinho recebia o baptismo, e era admitido no número dos exorcistas por Santo Hilário, em Poitiers, deixando o exército, embora antecipadamente se tivesse apresentado ao imperador Juliano, dizendo:
- Servi-te cinco anos, agora deixa-me livre, porque quero mudar de soberano.
- E qual é o cobarde - retorquiu Juliano, - que se retira na véspera da batalha?
- Se a minha decisão é levada à conta de cobardia, amanhã estarei nas primeiras filas.
E Martinho bateu-se como um herói, vencendo a batalha.
Mais tarde em sonhos, fora avisado da morte próxima de seus pais, sendo obrigado a voltar à sua terra longínqua, onde teve a enorme alegria de converter a mãe.
No regresso à Gália, foi informado no caminho de que o bispo de Poitiers tinha sido exilado. Desgostoso, retirou-se então para a ilha Galinária, e lá viveu em solidão até ao dia em que soube que Santo Hilário tinha sido posto em liberdade.
Ao fim de algum tempo, já em Roma, dirigiu-se para Poitou onde, durante dez anos, levou vida de monge segundo a regra de S. Basílio. Assim nasceu Ligugé, o mais antigo mosteiro do Ocidente, que foi providencial viveiro de Santos.
Em 371, o povo de Tours, que necessitava de um bispo, levou Martinho à força para aquela cidade, onde esteve vinte e seis anos, durante os quais pregou o Evangelho não só em Touraine, mas também em Berry, Anjou, Beauce, Paris, Tréveros, Luxemburgo, Sennonais e até no longínquo Delfinado. Nas suas deslocações levava pouca bagagem, mas ia sempre seguido de vários monges. Algumas vezes ia de burro, mas geralmente ia a pé ou de barco. Orava, pregava, fazia muitos milagres e boas obras, convertia famílias e tribos inteiras, destruía templos e ídolos, construindo em seu lugar mosteiros e igrejas, ao mesmo tempo que organizava as suas conquistas e deixava monges ou padres por toda a parte para continuarem a sua obra.
Morreu em Candes, em 397. Nesta altura, quando os discípulos lhe pediram que não os deixasse, S. Martinho começou a chorar e disse:
“- Se Deus entender que posso ainda ser útil ao seu povo, não me recuso a trabalhar e a sofrer mais”.
Morreu com o rosto voltado para a janela, a fim de ver o céu, e tornou-se logo o santo mais popular do Ocidente.
Em França, há nada menos de quatro mil igrejas que lhe são dedicadas e mais de quinhentas aldeias com o seu nome.
No nosso Agrupamento de “Escolas em Movimento”, também temos uma povoação da freguesia do Landal, denominada Rostos, que tem como padroeiro S. Martinho. A escolha deste orago foi motivada por ter sido a 11 de Novembro, dia do Santo, que se realizou a primeira reunião para a construção daquele templo em sua honra.
É sempre tema de conversa na EB1 de Carreiros, por altura do dia de S. Martinho, não só a vida deste Santo, que foi um romano do século IV, como as biografias de S. Silvestre, padroeiro da freguesia de A dos Francos, Santa Helena, padroeira dos Casais do mesmo nome e que fazem parte do núcleo escolar de Carreiros, assim como, de S. Sebastião, de Vila Verde de Matos. Todos eles contemporâneos de S. Martinho, Bispo de Tours.
S. Silvestre que chegou a sofrer a perseguição de Diopcleciano, foi o primeiro bispo de Roma a usar o título de papa. Passava-se então um dos grandes momentos da história eclesiástica. Segundo a tradição, foi ele quem mais colaborou para o baptismo de Constantino, o grande Imperador que deu a liberdade à Igreja, pelo seu édito de Milão, encerrando a era das perseguições. Com a conversão de Constantino, este ia permitir à religião cristã suplantar o paganismo em todo o Império, condenando o arianismo e proclamando a divindade de Cristo. Inicialmente, conservou-se entre o número dos infiéis. Mas por influência de S. Silvestre, concedeu tambem o mesmo imperador aos cristãos a faculdade de levantar publicamente templos, onde se exercessem aqueles sublimes actos de culto que até então se realizavam nas Catacumbas. Constantino deu o exemplo, fazendo construir magníficas basílicas, tais como a de Latrão, a do Vaticano, em honra de S. Pedro e muitas outras. S. Silvestre publicou muitos decretos úteis e recomendava que um dos nossos primeiros deveres “c’est de regarder Dieu comme le principe et la fin de toutes nos actions, et d’avoir continuellement en vue sa gloire et l’accomplissement de sa volonté”, segundo o Monseigneur l’Archevêque de Tours, em 1867. O relacionamento frutuoso existente entre Constantino e S. Silvestre, originou que a Igreja se tornasse mais próspera. Por sua vez, Constantino, o primeiro imperador romano cristão, era filho de Santa Helena, de origem humilde, até que o filho, a mandou ir para Roma. Aí, é recebida pelo Papa Silvestre e manda construir a Basílica de Santa Cruz. Mais tarde, a padroeira dos nossos Casais vai em peregrinação até à Palestina, onde manda construir em Jerusalém, sobre o Santo Sepulcro o templo da Ressurreição e a Basílica da Natividade sobre a gruta de Belém. Santa Helena aproveitava-se da faculdade que tinha de sacar sobre o tesouro imperial, para construir igrejas e socorrer os pobres.
O padroeiro de Vila Verde de Matos, mesmo aqui ao pé, S. Sebastião, era da terra de S. Martinho, da Gália, embora também se diga que era de Milão. Também foi militar romano, na mesma época, ligeiramente mais cedo, e embora não tivesse gosto pronunciado pela carreira das armas, desejava ser útil aos cristãos perseguidos, sem levantar grandes suspeitas. Foi perseguido pelo Imperador Diocleciano, ainda que se mostrasse bom soldado e tivesse sido antes nomeado capitão da sua guarda pretoriana. S. Sebastião era amigo do marido de Santa Helena, Constâncio Cloro que subiu aos mais elevados graus da hierarquia militar, tendo sido convidado pelo Imperador a compartilhar o governo do Império. É um santo muito popular e costuma ser representado amarrado a um tronco de árvore, sofrendo o martírio das flechas.
O culto a S. Martinho tornou-se extraordinariamente popular, e nas nossas escolas, como já se afirmou, identifica-se o seu dia, essencialmente na realização dum magusto e na recordação do episódio passado com o mendigo, em Amiens, embora a tradição do magusto nem sequer seja do Oeste. Foi trazida das Beiras, pelos professores, nos finais da década de quarenta.
Na EB 1 de Carreiros, o dia deste Santo, dia 11 de Novembro e o Verão de S. Martinho, é essencialmente uma oportunidade para falar da importância do estudo da história local, relacionando a biografia de S. Martinho, com a de S. Silvestre, a de Santa Helena e a de S. Sebastião, uma vez que são oragos da freguesia de A dos Francos e foram contemporâneos e moradores no Império Romano.
Com o dia de S. Martinho, aproveita-se tambem para falar da numeração romana e da importância da romanização na Península Ibérica, porque esta atenuou muito as diferenças étnicas resultantes dos primitivos povoamentos e reduziu a denominadores comuns as culturas indígenas. Os Romanos conseguiram modificar completamente as bases da economia, o tipo do povoamento, as formas da organização social, as técnicas do trabalho, as crenças e hábitos das populações, e até a língua que se falava.
Certamente, no regresso das aulas, as nossas crianças irão entrar em casa, no próprio dia de S. Martinho, ao som das castanhas estaladiças acabadinhas de assar, assinalando o fim do Outono e adivinhando o frio do Inverno, porque há tradições que temos a obrigação de continuar a defender!
Texto: EB1 Carreiros / Ilustração: S. Martinho e o Pedinte, El Greco (1597/99)
Cerca do ano de 325, nasce na Sabária, na Panónia (Hungria), Martinho que se alistou, aos quinze anos, na guarda imperial a cavalo, talvez por ser filho de um tribuno das milícias.
Nas nossas escolas, o dia de S. Martinho é sempre lembrado através das castanhas e do conhecidíssimo episódio de caridade fraterna. Este passou-se em Ambiano (Amiens), onde o Santo prestava serviço militar, em que ele um dia, numa cavalgada, cortou a capa com a espada, para agasalhar um pobrezinho, que encontrara à borda do caminho, num dia de tempestade, que se transformou no Verão de S. Martinho.
Ao fim de algum tempo, pelos vinte anos de idade, Martinho recebia o baptismo, e era admitido no número dos exorcistas por Santo Hilário, em Poitiers, deixando o exército, embora antecipadamente se tivesse apresentado ao imperador Juliano, dizendo:
- Servi-te cinco anos, agora deixa-me livre, porque quero mudar de soberano.
- E qual é o cobarde - retorquiu Juliano, - que se retira na véspera da batalha?
- Se a minha decisão é levada à conta de cobardia, amanhã estarei nas primeiras filas.
E Martinho bateu-se como um herói, vencendo a batalha.
Mais tarde em sonhos, fora avisado da morte próxima de seus pais, sendo obrigado a voltar à sua terra longínqua, onde teve a enorme alegria de converter a mãe.
No regresso à Gália, foi informado no caminho de que o bispo de Poitiers tinha sido exilado. Desgostoso, retirou-se então para a ilha Galinária, e lá viveu em solidão até ao dia em que soube que Santo Hilário tinha sido posto em liberdade.
Ao fim de algum tempo, já em Roma, dirigiu-se para Poitou onde, durante dez anos, levou vida de monge segundo a regra de S. Basílio. Assim nasceu Ligugé, o mais antigo mosteiro do Ocidente, que foi providencial viveiro de Santos.
Em 371, o povo de Tours, que necessitava de um bispo, levou Martinho à força para aquela cidade, onde esteve vinte e seis anos, durante os quais pregou o Evangelho não só em Touraine, mas também em Berry, Anjou, Beauce, Paris, Tréveros, Luxemburgo, Sennonais e até no longínquo Delfinado. Nas suas deslocações levava pouca bagagem, mas ia sempre seguido de vários monges. Algumas vezes ia de burro, mas geralmente ia a pé ou de barco. Orava, pregava, fazia muitos milagres e boas obras, convertia famílias e tribos inteiras, destruía templos e ídolos, construindo em seu lugar mosteiros e igrejas, ao mesmo tempo que organizava as suas conquistas e deixava monges ou padres por toda a parte para continuarem a sua obra.
Morreu em Candes, em 397. Nesta altura, quando os discípulos lhe pediram que não os deixasse, S. Martinho começou a chorar e disse:
“- Se Deus entender que posso ainda ser útil ao seu povo, não me recuso a trabalhar e a sofrer mais”.
Morreu com o rosto voltado para a janela, a fim de ver o céu, e tornou-se logo o santo mais popular do Ocidente.
Em França, há nada menos de quatro mil igrejas que lhe são dedicadas e mais de quinhentas aldeias com o seu nome.
No nosso Agrupamento de “Escolas em Movimento”, também temos uma povoação da freguesia do Landal, denominada Rostos, que tem como padroeiro S. Martinho. A escolha deste orago foi motivada por ter sido a 11 de Novembro, dia do Santo, que se realizou a primeira reunião para a construção daquele templo em sua honra.
É sempre tema de conversa na EB1 de Carreiros, por altura do dia de S. Martinho, não só a vida deste Santo, que foi um romano do século IV, como as biografias de S. Silvestre, padroeiro da freguesia de A dos Francos, Santa Helena, padroeira dos Casais do mesmo nome e que fazem parte do núcleo escolar de Carreiros, assim como, de S. Sebastião, de Vila Verde de Matos. Todos eles contemporâneos de S. Martinho, Bispo de Tours.
S. Silvestre que chegou a sofrer a perseguição de Diopcleciano, foi o primeiro bispo de Roma a usar o título de papa. Passava-se então um dos grandes momentos da história eclesiástica. Segundo a tradição, foi ele quem mais colaborou para o baptismo de Constantino, o grande Imperador que deu a liberdade à Igreja, pelo seu édito de Milão, encerrando a era das perseguições. Com a conversão de Constantino, este ia permitir à religião cristã suplantar o paganismo em todo o Império, condenando o arianismo e proclamando a divindade de Cristo. Inicialmente, conservou-se entre o número dos infiéis. Mas por influência de S. Silvestre, concedeu tambem o mesmo imperador aos cristãos a faculdade de levantar publicamente templos, onde se exercessem aqueles sublimes actos de culto que até então se realizavam nas Catacumbas. Constantino deu o exemplo, fazendo construir magníficas basílicas, tais como a de Latrão, a do Vaticano, em honra de S. Pedro e muitas outras. S. Silvestre publicou muitos decretos úteis e recomendava que um dos nossos primeiros deveres “c’est de regarder Dieu comme le principe et la fin de toutes nos actions, et d’avoir continuellement en vue sa gloire et l’accomplissement de sa volonté”, segundo o Monseigneur l’Archevêque de Tours, em 1867. O relacionamento frutuoso existente entre Constantino e S. Silvestre, originou que a Igreja se tornasse mais próspera. Por sua vez, Constantino, o primeiro imperador romano cristão, era filho de Santa Helena, de origem humilde, até que o filho, a mandou ir para Roma. Aí, é recebida pelo Papa Silvestre e manda construir a Basílica de Santa Cruz. Mais tarde, a padroeira dos nossos Casais vai em peregrinação até à Palestina, onde manda construir em Jerusalém, sobre o Santo Sepulcro o templo da Ressurreição e a Basílica da Natividade sobre a gruta de Belém. Santa Helena aproveitava-se da faculdade que tinha de sacar sobre o tesouro imperial, para construir igrejas e socorrer os pobres.
O padroeiro de Vila Verde de Matos, mesmo aqui ao pé, S. Sebastião, era da terra de S. Martinho, da Gália, embora também se diga que era de Milão. Também foi militar romano, na mesma época, ligeiramente mais cedo, e embora não tivesse gosto pronunciado pela carreira das armas, desejava ser útil aos cristãos perseguidos, sem levantar grandes suspeitas. Foi perseguido pelo Imperador Diocleciano, ainda que se mostrasse bom soldado e tivesse sido antes nomeado capitão da sua guarda pretoriana. S. Sebastião era amigo do marido de Santa Helena, Constâncio Cloro que subiu aos mais elevados graus da hierarquia militar, tendo sido convidado pelo Imperador a compartilhar o governo do Império. É um santo muito popular e costuma ser representado amarrado a um tronco de árvore, sofrendo o martírio das flechas.
O culto a S. Martinho tornou-se extraordinariamente popular, e nas nossas escolas, como já se afirmou, identifica-se o seu dia, essencialmente na realização dum magusto e na recordação do episódio passado com o mendigo, em Amiens, embora a tradição do magusto nem sequer seja do Oeste. Foi trazida das Beiras, pelos professores, nos finais da década de quarenta.
Na EB 1 de Carreiros, o dia deste Santo, dia 11 de Novembro e o Verão de S. Martinho, é essencialmente uma oportunidade para falar da importância do estudo da história local, relacionando a biografia de S. Martinho, com a de S. Silvestre, a de Santa Helena e a de S. Sebastião, uma vez que são oragos da freguesia de A dos Francos e foram contemporâneos e moradores no Império Romano.
Com o dia de S. Martinho, aproveita-se tambem para falar da numeração romana e da importância da romanização na Península Ibérica, porque esta atenuou muito as diferenças étnicas resultantes dos primitivos povoamentos e reduziu a denominadores comuns as culturas indígenas. Os Romanos conseguiram modificar completamente as bases da economia, o tipo do povoamento, as formas da organização social, as técnicas do trabalho, as crenças e hábitos das populações, e até a língua que se falava.
Certamente, no regresso das aulas, as nossas crianças irão entrar em casa, no próprio dia de S. Martinho, ao som das castanhas estaladiças acabadinhas de assar, assinalando o fim do Outono e adivinhando o frio do Inverno, porque há tradições que temos a obrigação de continuar a defender!
quinta-feira, novembro 09, 2006
Macaco de Rabo Cortado #6
e confessa aqui que pensava tratar-se de um ele, de um macaquito ainda pequeno e brincalhão.
Afinal estava enganado, mas não faz mal. O Noddy tem uma amiga bem gira e isso chega.
Jornalito do Lince #2
O Rodinhas já recebeu o número 2 do Jornalito do Lince e está também pronta a entrevista que fez aos seus jornalistas. Amanhã, post com todo o conteúdo do jornal e respectiva entrevista.
Aqui no blog da biblioteca, o Nariz de Palavras.
Aqui no blog da biblioteca, o Nariz de Palavras.
quarta-feira, novembro 08, 2006
Ainda o Dia Internacional das Bibliotecas Escolares
O Rodinhas foi à EB1 de Vila Verde de Matos e recebeu de presente uma colecção de marcadores de livros para a biblioteca, realizados aquando do Dia Internacional das BE Escolares. O Rodinhas só colocou quatro aqui no blog mas assegura que todos os outros são também bem bonitos. Agora, quando receberes livros da BE, já podes usar um marcador que quer dizer: - "Foi até aqui que eu li."
Obrigado, meninos da EB1 de Vila Verde de Matos.
terça-feira, novembro 07, 2006
segunda-feira, novembro 06, 2006
Macaquices #0
O Rodinhas encontrou dois videos bem engraçados de macacos mariolas, estarolas e gabarolas, com pancada na cachola. Clica no play e prepara-te para rir.
sexta-feira, novembro 03, 2006
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